Mensageiros esquecidos: Odigo, Gooey, whatever

Dia desses (e de tempos em tempos) eu me lembro de algumas relíquias da internet do início dos anos 2000. Não lembro bem o contexto, mas na semana passada me veio em mente o Odigo Messenger. Isso é tirar do fundo do baú.

Enquanto hoje chat instantâneo é algo onipresente e corriqueiro nas mãos – literalmente – de todos que tenham um smartphone ou mesmo um featurephone que suporte WhatsApp (ou similares), não estamos na primeira, segunda e nem na última batalha entre mensageiros instantâneos. E não me refiro a fase intermediária do MSN, que talvez seja a mais lembrada antes do WPP.

Gooey: too old for me.

Lá no início dos anos 2000 (e desde o final dos anos 90s) havia uma disputa acirrada pelos usuários de programas de chat (app é algo mais recente, claro), nesse período de transição reinava absoluto o ICQ, que surgiu em 1996¹ e hoje é um bicho totalmente diferente, e outros similares como AOL Instant Messenger (1997), Yahoo! Messenger (1998), MSN Messenger (1999) e vários outros que “corriam por fora” como o Gooey, Odigo e até o UOL ComVC (1999)*. Esses dois anteriores tinham uma proposta bem interessante, que era possibilitar o chat entre pessoas que visitavam o mesmo site, independentemente do site prover ou não recursos de chat, já que eram sistemas externos.

Não cheguei a usar o Gooey, pois já em 2000 eles sumiram (passei a ter acesso a web em casa em 2001), mas o Odigo cheguei a experimentar entre 2001/2002. Lembro vagamente como funcionava, dependia do Internet Explorer (acho que também era compatível com Netscape) e não lembro se tinha algum controle ActiveX ou algo parecido para fazer a ponte entre o programa e o navegador, já que nessa época as extensões para navegadores não eram como hoje.

Site do Odigo, já em meados dos anos 2000

Ele funcionava de maneira parecida com os demais programas de bate-papo, como ICQ e etc, você tinha uma lista de contatos que podia salvar, mas poderia conhecer outras pessoas usando uma sala de bate-papo com visitantes aleatórios. O interessante é que esse recurso chamado People Finder funcionava como um radarzinho que fazia um scan no site que você visitava, e criava uma chatroom relativa ao site ou de acordo com os interesses que o usuário informava no cadastro, assim certamente o ideal era visitar sites populares, já sites obscuros certamente não teriam gente online, pois o Odigo não era um serviço dominante, embora tenha sido razoavelmente popular no Brasil.

Na época experimentei esse recurso usando algum portal como Terra ou UOL, conversei com algumas pessoas, foi legal e tal, mas não recordo nada além… tirando isso não tinha gente que eu conhecesse pessoalmente que utilizasse o serviço. Daí me pergunto: se ninguém que eu conhecia usava esse troço, só eu acho que sou o geek mais curioso da minha época de adolescência?

Cheguei a reinstalar algumas vezes depois só pra fuçar, eu realmente amava a interface dele. Era muito diferente do outros programas da época. Não lembro se suportava skins, mas ele tinha um visual já bastante peculiar. Nesse período acho que os programas de chat que suportavam temas eram o Trillian (que também era inovador por ser multiprotocolo² em uma época em que gigantes como AOL já torciam o nariz – 2000) e um tal de ICQ Plus (que eu nunca cheguei a testar).

Aliás… falando de interface e visual interessante, achei um instalador antigo dele (em alemão) e resolvi instalar para ver se seria possível ver a interface mesmo sem pode conectar… e não, não dá, pois obviamente a primeira coisa que o programa pede é para logar/registrar. Mas aproveitei para ver os arquivos de instalação e extrair avatares, splashscreens e os efeitos de som (pacote original que carreguei no 4Shared). Tem também esses que achei no SoundCloud. A seguir, o som de início do Odigo… nostalgia feelings

Procurando imagens para esse post acabei descobrindo alguns desses links que estão no texto, mas também outras coisas curiosas, como alguém procurando informações sobre o Odigo em 2007 (não sou o único), um desenvolvedor com um projeto para ressuscitar o serviço em 2014, um vídeo tributo de alguém que fez parte da empresa na era de ouro do software, um comparativo com os outros programas de chat líderes, em 2001, um portal que lista sistemas diversos de “presença virtual” (e que fiquei curioso para vasculhar as velharias e eventuais “novidades”), um site com formulário para login/registro sobre um duvidoso revival/clone/extensão (ou qualquer coisa parecida em 2019), que eu preferi não arriscar e supreendentemente, menções sobre uma mensagem de aviso que funcionários da empresa em Israel³, teriam recebido 2 horas antes dos atentados de 11 de Setembro de 2001.

No mais… o software foi descontinuado há mais de 15 anos, sendo a última versão de meados de 2004, mas aparentemente ainda funcionou até 2007 (eu acho que a última vez que mexi foi em 2003/2004 mesmo).

¹Nota de rodapé: antes do ICQ em 1994 John McAfee fundou a Tribal Voice, que criou o PowWow. Talvez o mais próximo de um fóssil de mensageiro instântaneo nos moldes do ICQ. Lembrando aqui que não cito no texto serviços como o IRC (1988) porque eles partem de um princípio diferente: chat em grupo > chat privado.

GUI do PowWow

²O Odigo também já era multiprotocolo! E junto ao Trillian (que adicionou o recurso em Novembro de 2000) não eram os únicos, havia também um tal de Imici… Isso bem antes do Meebo, IMO, Nimbuzz, etc. Mais info sobre o Trillian: https://www.wikiwand.com/en/Trillian_(software) / E sobre multiprotocolo: https://www.wikiwand.com/en/XMPP

³Com forte cenário para empresas do setor de tecnologia, de Israel também surgiram a Hypernix (Gooey) e Mirabilis (ICQ).

*E sobre o cliente do UOL… bom, nunca usei, mas não deve ter sido bom né. Em 2006 eles lançaram um cliente Jabber, sem relação com o anterior, que tinha um interface simpática, ao contrário do ComVC que era triste e simplório, mas coerente com o padrão da época.

Microsoft e seu improvável tema Aqua para o Windows XP

Encontrei esse link recente sobre algo inusitado da era XP:
https://www.theverge.com/2020/9/25/21456525/microsoft-windows-xp-theme-mac-aqua

A pérola foi descoberta após um vazamento recente do código-fonte do Windows (incluindo várias versões derivadas do NT). Estranho é que eu tenho a impressão de já ter visto esses prints antes, mas provavelmente devido a vazamentos de builds anteriores ao lançamento do XP.

https://www.theverge.com/2020/9/25/21455655/microsoft-windows-xp-source-code-leak

Acho que a Microsoft já tinha sido “criativa” o suficiente quando revelou o duvidoso tema Luna, do Windows XP. O problema é que foi um tema de interface que ficou datado rapidamente em minha opinião. Talvez essa impressão seja favorecida pelo fato de ter sido um sistema que ficou em uso massivo por muito tempo (com suporte mainstream até 2014!). Hoje nem aguento ver algum tema pra Windows 10 que se baseie nele (até o papel de parede causa incômodo), prefiro os temas clássicos “sem sal” mesmo.

Voltando ao “Aqua do XP”: o tema, chamado de “Candy” é bem simplório, modificando apenas botões e barra de rolagem, as bordas de janela lembram mais outros temas da era Whistler (codenome pré XP) e certamente seria apenas uma experiência ou piada interna dos desenvolvedores, pois duvido muito que a Microsoft o teria lançado oficialmente mesmo como parte do “Pacote Plus!” (isso ainda existia na era XP?).

Afinal, em Janeiro de 2000, a Stardock (que desenvolve o WindowBlinds) e o principal portal de customização à época, Skinz.org, foram desencorajados pela Apple (ameaçados de processo) e obrigados a remover skins com temas que imitassem o look n’ feel do MacOS, já que isso infringiria sua propriedade intelectual.

À época, a Stardock precisou remover diversos temas para WindowBlinds e Desktop X, um software de temas completos que ela deixou de desenvolver alguns anos depois. O problema é que muitos desses temas dos quais a Apple reclamava não tinham nada a ver com o visual Aqua. Lembravam mais coisas da época do Appearance Manager do cancelado Copland (outro link aqui). Exemplo a seguir:



Graças a Deus isso não impediu que artistas (modders/skinners) continuassem a criar por anos diversas derivações de todos os temas da era de ouro do MacOS X.

Overview… 2020 pandemic, crypto bullrun, personal stuff…

E eis que mais de 1 ano e meio depois retorno com um breve, pleonásmico, resumo. Em meio a uma pandemia, um novo “bullrun”, o mundo continua suas voltas, o tempo não para.

Acho que vou voltar a atualizar isso aqui com mais frequência, e agora de modo mais pessoal. Talvez isso me dê mais inspiração para postar sobre reviews antigos como eu fazia aqui antes, já que ainda tenho dezenas de programas de “deskmod” (talvez desatualizados hoje, mas muitos ainda úteis) que há muito deixei de ter interessa em postar. Aproveito para dar aquele “purge” no hd!.

Overview…

  • Pandemia, crise global, além de nossos 5+ anos de crise nacional, institucional, etc.
  • Descobri recentemente, há uns 4 meses um problema crônico de saúde.
  • Nada de novo no horizonte profissional, além de um segundo diploma.
  • Estamos, aparentemente, iniciando um novo “bullrun” no mercado de criptomoedas (tema sobre o qual nunca falei aqui, mas desde 2013 sei um tantinho – e não, não aproveitei quase nada disso nesses 7 anos).

De repente posto uns prints dos últimos anos sobre esse último tópico, mas nada de especial, mas acho interessante registrar.

Aliás, essa atualização repentina me veio a mente por estar aqui mais uma vez perdido, procrastinando na Wikipedia, lendo sobre coisas aleatórias (finanças, negócios, cinema, terremoto de Kobe em 1995, subprime mortgage crisis, whatever…), vendo o jornal noturno falar sobre as consequências positivas da eleição de Biden nos mercados americanos, sinais de recuperação recente do mercado brasileiro, embalados pelas notícias de vacinas que tem animando os mercados globais, dentre outras coisas.

Tentando evitar superstições ao escolher um título pro post, organizar as ideias enquanto preciso continuar mais um cad, concluir projetos, estudar, pensar nas tarefas e em coisas pra postar em rede social, ou o que devo escolher pra um portfólio (e quais sites de portfólios), etc. Enfim, mil coisas. E coisas que não vão bem.

Quem sabe atualizar isso aqui, de um modo que eu sempre evitei fazer, que é “blogar” tradicionalmente, enfim, quem sabe isso tudo me ajude um pouco a produzir mais, a me expressar de forma proveitosa, dar sentido a essa desordem que eu não posso mais deixar me dominar, como ocorreu nos últimos X anos.

Enfim, ironicamente, mesmo que esse blog já tenha 14 anos de vida, só agora vejo sentido em usá-lo como um caderno de registros, dessa era, dessa vida. Sem drama, pra isso tenho as poesias, em outros meios.

Chat nostalgia.

https://www.tbray.org/ongoing/When/201x/2019/03/11/Lights-Going-Out

Já deve ter acontecido com todos que estiveram na web nas últimas duas décadas (ou menos até, 15 anos é o suficiente pra entender). A lista de contatos vai se acinzentando. O hábitos mudam, quase ninguém usar IRC hoje (exceto em alguns nichos), e mesmo os mensageiros mais amigáveis (MSN, ICQ, Yahoo! Messenger) perderam a relevância ou desapareceram totalmente.

O sonho de interoperabilidade entre protocolos e serviços simplesmente morreu. Jabber, XMPP, alguém? Me lembro quando havia dezenas de clientes compatíveis com Jabber e que eu não precisava usar o cliente feio do MSN pra falar com alguns amigos, poderia até bater-papo com pessoas que ainda usavam ICQ por volta de 2005, no mesmo cliente que conversava com quem usava MSN, GTalk e até nos primórdios do chat do Facebook.

Claro, surgiram alternativas, novos modos de comunicação mais convenientes para a mobilidade (ou produtividade). Mas até o Meebo era mais divertido que o Whatsapp e similares. IRC então!? Nenhum supera aquela zona divertidas das noites de sexta-feira. XD

Próxima missão…

Próxima missão:

Corrigir alguns deadlinks internos e recarregar as mídias que não aparecem mais aqui. Antes esse blog usava um servidor próprio, quando eu resolvi que não tava mais valendo a pena pagar por hospedagem, fiz um backup, desativei o site e importei os posts do site pra cá, pra minha conta original do wordpress (que fiz lááá em 2005), só pra não deixar o conteúdo textual fora da web, mesmo que por anos.

Agora que o WordPress.com liberou subdomínios .blog, fica mais atrativo e interessante usar, então mudei novamente – agora de volta com PixNix no domínio. Parece bobagem né? E quase é! XD

De volta? Não de fato!

Quase 7 anos depois, vim mexer novamente aqui nesse blog que comecei lááá em 2006. Mas provavelmente vai demorar até eu reativá-lo, pois minhas prioridades há bem mais que 7 anos, são outras.

Aproveitando que achei um tema bem “à la Twitter” pra ele, com a vantagem de que assim até me encoraja a voltar a blogar. Na realidade, nesses últimos anos o único blog que mantive ativo foi o archlinx simplesmente porque é automatizado usando IFTTT.

Encerrando atividades… ou um looooooongo hiato

Não sei quando voltarei a blogar no PixNix. As vezes até esqueço dele. Ele continuará online, entretanto, mas atualmente meus projetos são outros, e o deskmod não tem mais me chamado tanta atenção nos últimos anos, especialmente com a banalização dos efeitos translúcidos, a quase morte de velhos sistemas operacionais e interfaces, e da comunidade modder em si, que há anos agoniza – vide posts anteriores (Teknidermy, etc).

Aquele hobby que tenho há mais de uma década, merece uma pausa, um longo “hibernar” para recuperar a empolgação.

Até a próxima.